Povos indígenas crescem em representatividade, sobretudo por meio de lideranças femininas
No Congresso Indigenista Interamericano realizado em abril de 1941, na cidade de Pátzcuaro, no México, o dia 19 de abril foi marcado pela aceitação das lideranças indígenas, inicialmente desconfiadas, em se unir aos representantes políticos dos países latino-americanos participantes do evento. No Brasil, que esteve representado na ocasião, a data referida viria a tornar-se oficialmente dia do índio por força do decreto nº 5.540, assinado por Getúlio Vargas em 2 de junho de 1943.
Passados oitenta anos daquele 19 de abril com forte caráter político e alguns meses das Eleições Municipais de 2020, o panorama atual da participação dos povos indígenas no processo eleitoral, respectivamente, nacional e paulistano, é de expansão. Há um incremento genérico do número de candidaturas, que, por sua vez, decorre parcialmente do aumento da participação de lideranças femininas na disputa.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 2.111 candidatos indígenas concorreram a cargos municipais nas eleições do ano passado. Em relação ao número de 2016, verificou-se um aumento de 88,51%. Em termos de representação proporcional, houve uma aproximação entre o contingente de pessoas autodeclaradas indígenas – atualmente 0,47% dos brasileiros, de acordo com o Censo 2010 – e o número de suas candidaturas registradas nacionalmente, 0,39% do total.
O reflexo dessa tendência de crescimento também foi verificado na maior cidade do país, ainda que discretamente: sete candidatos que concorreram à Câmara Municipal se autodeclaram indígenas, três a mais do que em 2016, ainda de acordo com o TSE. Proporcionalmente menos numerosos, pouco mais de treze mil habitantes da cidade de São Paulo são indígenas, o que, também segundo informações do Censo 2010, representa 0,03% da população total.